Bebês prematuros ganham cada vez mais chance de sobrevivência

bebeO pediatra – profissional que é responsável por proteger e cuidar do indivíduo em uma de suas fases de maior vulnerabilidade – muitas vezes chega a se tornar parte da família de seu paciente, quando há a necessidade de longa internação em UTI Neonatal. Na maioria dos casos, esse tempo extra de estada na maternidade não pode ser evitado, como é o caso de muitos bebês prematuros.

Por conta disso, esses pequenos precisarão de atenção especial por parte dos profissionais e dos familiares. A pediatra neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana, Dra. Filomena Bernardes Melo, explica como lidar com essas situações.

Espera-se que o bebê nasça em 40 semanas de gestação, o que corresponde aos nove meses completos, mas existem casos em que o nascimento pode ocorrer com menos de 37 semanas de idade gestacional. Diante dessa circunstância, o bebê já é considerado um prematuro, sendo que nascer com menos de 28 semanas o quadro é de prematuridade extrema.

Desde o primeiro instante de vida, a criança já é assistida pelo seu pediatra, mas é nos momentos de maior complexidade, como uma internação em Unidade de Terapia Intensiva, que o esse profissional se torna o verdadeiro anjo da guarda da criança.

Dra. Filó, como é chamada com carinho pelos pais de seus pequenos pacientes, explica que a prematuridade nem sempre pode ser evitada e, hoje, são três grupos de fatores que levam a antecipação do parto: doenças maternas, placentárias ou do próprio bebe. ‘’Hipertensão, diabetes ou diminuição do líquido amniótico são as causas mais comuns e estão diretamente relacionados a um nascimento prematuro. Outro motivo seria o mau desenvolvimento do bebê – nesse caso, o médico obstetra pode optar em precipitar o parto, para não correr o risco de o bebê não se desenvolver bem no útero. Entram nessa lista ainda pequenos que estão com dificuldade de nutrição por causa de um “problema placentário’’, diz a especialista, que ainda alerta sobre as gestações múltiplas, em que a tendência de não completar os noves meses também é grande.

Os prematuros têm necessidades especiais. Se o bebê nasceu antes do tempo estabelecido como ideal, ele não está preparado para estar no ambiente externo, por isso, é muito importante que ele permaneça em um lugar silencioso, com temperatura e iluminação amenas, fazendo uma espécie de imitação do útero materno.

Apesar de todos os cuidados, alguns bebês podem apresentar algum tipo de sequela. ‘’Algumas doenças deixam cicatrizes e sequelas, que vão desde problemas intestinais por conta de alguma cirurgia até uma doença pulmonar crônica, por terem apresentado dificuldade respiratória’’, explica a especialista.

‘’Temos uma relação de muito cuidado e por isso formamos um laço afetivo muito forte com esses pequenos pacientes. Tanto que, muitos deles voltam, anos depois, para mostrar que superam sequelas que possam ter ficado em decorrência da prematuridade extrema. Mostram os boletins exemplares e até medalhas conquistadas com a prática de esportes’’, conta a médica.

A experiência faz toda a diferença, a dra. Filomena conta que a maternidade em que trabalha cuida, por ano, de cerca de 200 bebês com menos de 1.500gramas e por volta de 100 pesando menos que 1.000gramas. ‘’E a equipe não cuida somente dos bebês. Os pais e familiares também recebem todo o nosso carinho, sabemos que eles se encontram em um momento difícil’’, diz.

Apensar de toda a tecnologia que envolve a medicina obstétrica, atualmente há um crescente aumento de partos prematuros por uma série de motivos, a gravidez na adolescência é um deles. Mães tendo filhos mais tarde também influenciam nesse número.

Nas últimas duas décadas, graças à tecnologia e aos novos medicamentos, muito mais prematuros estão terminando seu desenvolvimento fora do útero com sucesso. E os cuidados com o bebê prematuro em casa são os mesmos de um bebê que nasceu no tempo certo, acrescentados de acompanhamento de uma série de especialistas como fonoaudiólogo, fisioterapeuta, neurologista, oftalomologista, dentre outros. ‘’Quando o bebê recebe alta está pesando, no mínimo, 1800g, e se não tiver de utilizar Home Care – continuação do tratamento em casa – os cuidados são os mesmos, porém, deve-se evitar visitas nos primeiros dois meses após a alta,  pela baixa imunidade e maior susceptibilidade às doenças.  Claro que o ideal é que “esse bebê não seja muito exposto e não receba visitas de grandes grupos’’, Alerta a doutora, que sempre orienta os pais a pedir que as visitas lavem sempre as mãos antes de pegar no bebê, além de evitar o contato com doenças contagiosas e fumaça de cigarro.

Essas crianças têm o sistema imunológico imaturo, a doença pulmonar crônica os torna vulneráveis as infecções virais que muitas vezes levam à reinternações e quadros de insuficiência respiratória grave.

Por isso, o acompanhamento médico rigoroso após a alta é tão importante, pois essas crianças podem apresentar um pequeno atraso em alguns aspectos fisiológicos. E os pais devem ficar alerta, pois quando esses pequenos recebem atendimento no momento certo e adequadamente, podem recuperar e prevenir muitas sequelas. Completar a carteira de vacinação  protege os bebes contra as doenças da infância e é importante que esta orientação seja seguida rigorosamente.

Dra. Filomena Melo conta que, depois de muita batalha os prematuros – pequenos guerreiros – precisam muito da presença dos pais. ‘’Isso é fundamental para a recuperação, porque são crianças que estão a toda hora passando por algum procedimento com agulhas, aparelhos ou até cirurgia. Por mais que a equipe do hospital seja carinhosa e cuidadosa, sentir o toque e ouvir a voz da mãe é essencial para o bem-estar emocional dele’’, conclui Dra. Filó.

Vida Equilíbrio

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