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Chegamos ao momento final de Hugh Jackman na pele de Wolverine, e o que se vê é um filme onde, segundo o próprio Jackman (confira a entrevista do ator aqui em São Paulo), o foco é o personagem e sua sofrida jornada, num estilo que talvez finalmente pegue de jeito os fãs mais “reclamões” da franquia.

No filme, em um futuro próximo, um cansado Logan cuida do doente Professor Xavier em um esconderijo na fronteira mexicana. Mas as tentativas de Logan de se esconder do mundo e de seu legado são interrompidas com a chegada de uma jovem mutante, perseguida por forças sombrias.

O longa começa com uma sequência de ação alá Tarantino, com sangue jorrando pra todo lado e um Logan tentando esconder do mundo quem ele já foi. O personagem agora vive as consequências de anos de luta e da experiência da  ele qual surgiu, seus poderes regenerativos não são mais os mesmos e isso traz mais sofrimento e realismo para esse capítulo da história.

Como os trailers já anunciavam (veja aqui), esse é o filme mais violento da franquia, na verdade não parece haver qualquer preocupação com isso. As cenas vão acontecendo e se elas precisam mostrar alguma violência, simplesmente mostram. Logan não é um filme de heróis convencional, tão pouco um filme que converse com a linguagem criada pelos X-Men nos cinemas, o que pode causar certa estranheza ao público essencialmente formado nas telonas. Não trata-se de uma “aventura” de super poderes fantásticos, e onde tudo costuma dar certo. Em Logan, os acontecimentos tem peso dramático, ataques mortais matam pessoas e elas permanecem mortas. O próprio Wolverine deixa de lado aquela interpretação exagerada de seus poderes, que vimos em Wolverine Imortal, para se tornar algo mais humano,  com habilidades longe de ser invencíveis.

Hugh Jackman and Patrick Stewart - Logan Movie (Logan o filme Hugh Jackman e Patrick Stewart, Wolverine e Xavier)Fora a clara referência as HQs de Old Man Logan, o diretor James Mangold (Os Indomáveis), traz algumas interessantíssimas de fora do mundo de X-Men para construir o clima dessa despedida. As principais vem dos Western americanos como o clássico dos anos 50, Shame, ou o cultuado, Os Imperdoáveis, de 1992. Além de uma construção de”road movie” no segundo ato, que dá uma certa leveza ao filme, ao estilo Pequena Miss Sunshine, ainda é fácil encontrar algo de O Exterminador do Futuro, seja num determinado personagem, ou no próprio clima de terror e tensão do longa.


Logan
tem problemas bem pontuais, como uma explicação extremamente infantil para o surgimento da X-23, pelo menos do ponto vista de filmagem (paro aqui para não dar spoilers), e também há muitos momentos “salvador da pátria” (os chamados Deus Ex-Machina), que surgem de repente. O filme ainda não deixa muito claro o que aconteceu com os outros X-Men, quem conhece as HQs provavelmente vai subentender, mas quem não conhece, deve sair com essa dúvida das exibições.

As cenas de ação comandadas pelo diretor James Mangold  são bem pensadas, porém um pouco picotadas demais, você dificilmente vê elas terminarem, é um uma solução de fotografia e edição que dá ritmo, mas as vezes incomoda e tira a “beleza” dos golpes e tiroteios.

Cena Logan (action scene Logan)Apesar disso, de forma geral, Logan capricha na parte técnica, com um trabalho de maquiagem digno de premiações, e uma direção de arte com paleta de cores mais frias, combinada a uma trilha sonora envelhecida, para alcançar o clima de cansaço e fadiga, que é exatamente a proposta para o personagem nesse capítulo.

Hugh Jackman entrega sua melhor interpretação na saga, proporcionada pelo roteiro mais denso que o personagem já teve nas telonas. O ótimo ator (lembre-se que ele já concorreu ao Oscar), carrega no drama e mostra um Wolverine cheio de amarguras, tentando encontrar uma paz que talvez nunca tenha tido. No elenco ainda vale destacar, Patrick Stewart interpretando de forma teatral, um Charles Xavier também desgastado pelo tempo e com demência, a jovem Dafne Keen entregando uma selvagem X-23 que pode ser bem aproveitada no futuro da saga, e até mesmo, o canastrão Boyd Holbrook (série Narcos) que aqui consegue estabelecer um Donald Pierce surpreendentemente calculista e incansável.

Enfim, Logan pode ser o ponta pé para uma saga de novos mutantes (isso se subentende no filme mesmo, não há cena pós – créditos), mas acima de tudo é um final até emocionante para quem acompanhou a saga do Wolverine nos cinemas ao longo desses anos, iniciada no já longínquo ano de 2000, em X-Men – O Filme. Uma derradeira missão de redenção para o icônico Wolverine, tratado aqui como um lendário herói de um passado ainda vivo na memória das pessoas, ironicamente através de produtos inspirados nele, como as HQs. Um caminho de renovação de fãs que o próprio Hugh Jackman ajudou a trilhar na vida real… Confira o trailer e nossa Chuck Nota logo abaixo.