Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D. - 4ª temporada

É realmente uma pena que o Canal Sony, responsável no Brasil pela transmissão de Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D. tenha escolhido dar o espaço da série à outras produções, transmitindo seu quarto ano, após o final da transmissão "estadunidense" em episódios duplos. Além da falta de consideração com os expectadores, e do estímulo a pirataria causado por tamanha espera, outra coisa aponta o quão ruim foi esta escolha: a temporada mais recente das aventuras de Coulson e companhia é a melhor até agora.

Dividida em três arcos distintos que se complementam, a série que estabeleceu os inumanos no universo cinemático da Marvel, acerta ao mostrar que não pretende depender deles todo o tempo. Os personagens super-poderosos ainda existem, como toda minoria enfrentam preconceito e grande parte dos esforços dos agentes da S.H.I.E.L.D. são voltados para melhorar suas condições de vida, mas estas não as únicas preocupações dos agência. Em cena, permanecem como fixas apenas personagens que pertencem à equipe, Daisy (Chloe Bennet) e Ioiô (Natalia Cordova-Buckley).

O Motoqueiro Motorista Fantasma Robbie Reyes (Gabriel Luna), ocupa o primeiro terço da temporada trazendo consigo Darkhold. Apesar de não ser uma referência direta, o livro místico e do homem que tem um acordo com o diabo é uma alusão ao fato de com a chegada de Doutor Estranho no universo, temas como outras dimensões e o sobrenatural agora podem ser explorados. O que não significa que a série vai deixar a ficção-cientifica e a espionagem de lado.


A segunda parte da temporada faz o bom uso da adição de John Hannah ao elenco. O cientista Holden Radcliffe apresentado ainda na temporada anterior, traz como foco os LDM (Life Model Decoy, Modelos de Vida Artificiais em português). Os androides altamente realistas, são ameaça mais convincente que a maioria dos monstros criados pela restritiva maquiagem da série de TV. Além do fato que podem se passar por pessoas reais, apenas para complicar ainda mais a trama.

O terceiro arco intitulado Agents of Hydra nos leva para a matrix estrutura (ou Framework, em inglês). Uma realidade virtual na qual, você pode imaginar pelo título, a Hydra venceu. Iniciada no ótimo episódio Self Control, o arco é o melhor de todas as temporadas até o momento. Reúne temas desenvolvidos nos arcos anteriores, traz boas cenas de ação - salvo as devidas proporções - e participações especiais interessantes. Culminando em um desfecho bem amarrado para o final do ano. Mesmo o previsível "deus ex-machina" é coerente com o que o programa apresentou até então.

Nos arcos dos personagens, o foco em Daisy parece estar sendo ajustado, deixando de lado à inumana com medo de seus poderes, ou revoltada com o universo para ser realmente um membro poderoso da equipe. May (Ming-Na Wen), que agora é uma tagarela, e Coulson (Clark Gregg) vêm um início para seu previsível relacionamento, ainda que forçado. O que não precisa ser forçado é a química entre Iain De Caestecker e Elizabeth Henstridge, os intérpretes de Fitz e Simmons. Finalmente um casal desde a terceira temporada, a dupla poderia ficar enfadonha, mas sua relação ganhou um arco próprio bem desenvolvido.

O LMD Aida (Mallory Jansen), também ganhou um arco distinto. Um modelo de inteligencia artificial em busca de livre arbítrio, é curioso vê-la descobrir que fazer o que quer, não significa receber o que quer. Os arcos dramáticos ficam por conta do sempre atormentado Motoqueiro Motorista Fantasma e de Mack (Henry Simmons). Este último em um dilema de cortar o coração guardado para os episódios finais.

Vale mencionar: o grande mistério sobre a existência dos vários agentes Koenig (Patton Oswalt) foi finalmente desvendado com muito bom humor no 12} episódio. Apesar da divertida explicação, particularmente eu preferia conviver com a dúvida e suas possibilidades.

Aparentemente, Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D. encontrou seu lugar dentro da mitologia da Marvel nas telas, sem ignorar nem sofrer para encaixar os acontecimentos dos filmes em sua trama. Não há participações de personagens de outros produtos da franquia, e as menções à eles são bastante orgânicas. A série também conseguiu adicionar o sobrenatural a sua trama sem abandonar a ficção-cientifica e a espionagem, equilibrando bem elementos distintos.  O resultado foi uma temporada bem estruturada e sem pontas soltas. É claro, existe um gancho para o quinto ano, que esperamos que mantenha os acertos conquistados recentemente.

A exibição de Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D., terminou na última terça-feira (29/08) no Canal Sony, e todas as temporadas estão disponíveis na Netflix, corre para maratonar e leia as críticas das temporadas anteriores.

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