Grupo Abril entra em recuperação judicial

Dívidas do Grupo Abril chegam a R$ 1,6 bilhão e empresa teve prejuízo de R$ 331 milhões em 2017

Não sei se é o fim de um ciclo, mas a coisa está feia no Brasil. Pena que nossas empresas não sigam o exemplo do New York Times, sobre o qual escrevi aqui.

Reproduzo a matéria do Meio & Mensagem sobre o Grupo Abril.

O Grupo Abril entrou nesta quarta-feira, 15, com pedido de recuperação judicial em São Paulo. O protocolo se refere a todas as empresas, incluindo Abril Comunicações, Dipar Participações e Total Express. O escritório Mange Advogados acompanha o processo, que prevê 180 dias para a companhia não ser executada enquanto a dívida é renegociada com credores.

Segundo comunicado enviado à imprensa, o pedido de recuperação “se deve à necessidade do grupo em buscar proteção judicial para a repactuação de seu passivo junto a bancos e fornecedores e, dessa forma, garantir sua continuidade operacional”. O comunicado ocorre uma semana depois da ampla reestruturação que encerrou várias marcas. Além da dívida de R$ 1,6 bilhão, a empresa teve prejuízo de R$ 331 milhões em 2017. Descontados os títulos descontinuados, o grupo tem hoje cerca de 4,6 milhões de exemplares de 11 marcas diferentes em circulação mensal, print e digital, segundo o Instituto Verificador de Comunicação (IVC), o que ainda faz da empresa a líder entre publishers de revistas.
O foco principal da editora é, atualmente, as marcas Veja, Exame e Claudia. Entre as revistas encerradas, estão Elle, Cosmopolitan e Veja RIO. Segundo o Portal dos Jornalistas, o grupo procura negociar marcas como VIP, Placar, Viagem e Turismo e Guia do Estudante.

A consultoria Alvarez & Marsal foi contratada para o processo de reestruturação e um dos diretores, Marcos Haaland, foi nomeado presidente do grupo para conduzir os trabalhos internamente. Em entrevista à Exame, o executivo disse que foram demitidas 800 pessoas no processo iniciado semana passada, entre elas a publisher Alecsandra Zapparoli, e o grupo mantém cerca de 3 mil funcionários.

Sobre o futuro da companhia, Haaland disse que não pode “julgar o passado, até porque eu não estava aqui. Mas há uma mudança tecnológica que está afetando o setor como um todo, que trouxe uma crise e uma necessidade de pensar como é produzido e distribuído um conteúdo de qualidade”. Contextualizou como um problema global e estrutural do setor de comunicação, que deve levar em conta o avanço tecnológico. “Alguns que começaram mais cedo a se mover já estão mais adaptados, caso do jornal americano The New York Times. A Abril está buscando essa adequação e um novo modelo para se revigorar. Vamos sair da recuperação judicial, quanto antes, com a empresa novamente saneada e em condições de ter um longo futuro digital”, afirmou Haaland.

Veja abaixo uma cronologia com os principais fatos do grupo nos últimos anos.

Fonte: Meio & Mensagem

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