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ANA E OS LOBOS (1973) - FILM REVIEW


Há filmes para todos os gostos e com diversas finalidades. Mas a que vamos tratar hoje é quando um filme usa de comparações para mostrar um determinado período vivido pelo país de origem. Comparações estas feitas de forma implícita para os mais desatentos.

Desde sempre, a arte é uma forma de manifestação artística que atinge multidões conforme o sucesso do artista. Sendo assim, ele pode usar ao seu favor, passando diversos recados para a população. Na época da ditadura, muitos filmes no Brasil eram feitos desta forma. 

O filme que vamos tratar hoje é Ana e os lobos.  A obra prima dirigida por Carlos Saura venceu a Palma de Ouro em Cannes, e discorre sobre as relações entre Ana, três irmãos e a mãe deles. 

A produção é um retrato muito bem montado da sociedade espanhola. E como um retrato, nos oferece uma visão pequena do todo, porém não menos importante, pois ele constrói, através da relação de 5 pessoas, um painel sobre os dias negros que a ditadura de  Francisco Franco impunha. Carlos Saura foi um guerreiro solitário, e suas lutas deram a ele o reconhecida  em todo o mundo. Sua carreia catapultou. 


Mas afinal, quem foi Francisco Franco?

Francisco Franco foi um general, chefe de estado e ditador espanhol. Instalou uma ditadura fascista na Espanha que ficou conhecida como franquismo e se estendeu por quase quarenta anos, até sua morte em 1975.

Nascido na cidade de Ferrol, Espanha, no dia 4 de dezembro de 1892 e descendente de uma tradicional família de marinheiros, iniciou sua carreira militar na Academia de Infantaria de Toledo, concluindo seus estudos em 1910. Entre 1912 e 1926 se destacou nas campanhas bélicas no Marrocos Espanhol, com breves interrupções. Em 1923 recebeu a patente de tenente-coronel e assumiu o comando da Legião Espanhola. Em 1926, Francisco Franco chegou a general, o mais jovem de toda a Europa. Em 1928 passou a dirigir a Academia Militar de Saragoça. De 1931 a 1936 foi instalada uma Segunda República. Em 1934 Francisco Franco participou da Revolução de Astúrias. 

Em 1935 foi o comandante chefe do Exército Espanhol no Marrocos e em 1936 converteu-se a Chefe do Estado Maior. Ainda em 1936, uma Frente Popular reunindo todos os setores democráticos e de esquerda elegeu Manuel Azaña presidente. Pouco depois das eleições o Exército, sob a liderança do generalíssimo Francisco Franco, se rebelou contra o novo governo. Começava então a Guerra Civil Espanhola, que teve início no Marrocos Espanhol e logo se difundiu por toda a Espanha. De um lado os falangistas (fascista), pretendendo derrubar o governo republicano eleito e restaurar a monarquia, de outro as forças populares e democráticas, lutando pela sustentação das reformas sociais e políticas.


Os falangistas tiveram apoio militar da Itália fascista e principalmente da Alemanha nazista, que usou a Espanha como centro de experimentação de suas novas e potentes armas e pretendia ter na Península Ibérica um aliado, em caso de nova guerra com a França. As forças republicanas, sem grandes condições de resistência, pois tiveram apenas um pequeno apoio da União Soviética e das Brigadas Internacionais, formadas por operários e intelectuais de outros países, foram derrotadas em 1939. Depois de três anos de combate, que causaram 1 milhão de mortes, as forças de Franco ocuparam toda a Espanha. Era o início de um regime totalitário que ficou conhecido como “franquismo”, isto é, a ditadura fascista do generalíssimo Francisco Franco.

Franco impôs à Espanha um regime inspirado no fascismo de Hitler e Mussolini, que eram seus aliados. Em setembro de 1939, alguns meses depois da vitória franquista, começou a Segunda Guerra Mundial. Finalizada a Guerra com a derrota das forças do Eixo, aliadas a Franco, seu regime sofreu um isolamento diplomático, mas conseguiu se consolidar. A liberdade de pensamento foi pouco a pouco sendo reprimida. O Estado intensificou a perseguição aos opositores. A propaganda oficial tentava mobilizar a opinião pública saudando Franco como um mito, um herói de guerra e o salvador da Espanha. Durante o período de 1936 a 1975 estima-se que mais de 114 mil pessoas foram consideradas “desaparecidas”. Houve denúncias da existência de campos de concentração para os adversários políticos e o medo tomava conta da população.

Francisco Franco faleceu em Madri, Espanha, no dia 20 de novembro de 1975.


Saura

Como dito acima, Saura foi opositor e construiu Ana e os lobos como forma de mostrar como termina quem se opõe.  Pode-se dizer que a mansão em ruínas representa a Espanha, juntando os cacos, destroçada por uma ditadura implacável. A "casa" era  governada por uma velha mulher aleijada, que é uma analogia ao próprio Franco. Seus filhos são os lobos do título. José representa o autoritarismo dos militares. Fernando a hipocrisia religiosa e Juan, o pecado. Os três irmãos ficam sedentos com a presa. Geraldine, numa interpretação magistral, causa uma desestrutura, e claro, será vitimada por ela. 

Saura tinha 35 anos em 1967 quando conheceu Geraldine Chaplin. Nessa época, aos 23 anoa, ela carregava o peso do sobrenome. Ela dedicou os 12 anos seguintes a uma parceira afetiva e profissional com o diretor espanhol, que rendeu um filho e nove filmes

Na produção em questão, Ana (Geraldine Chaplin) é uma jovem contratada para trabalhar como governanta em uma mansão no campo da Espanha. Mas sua beleza aguça o desejo reprimido de três irmãos que vivem na casa. Em silêncio, Ana nada faz para impedi-los e passivamente se submete aos desejos dos seus senhores, assim como o inocente povo espanhol durante o período franquista.

Ana representa o elemento que vem para perturbar a ordem interna. Ela representa o novo, o diferente, ou seja, as pessoas que vão contra o regime ditatorial, e que em algum ponto, pagarão o preço caso sejam pegas.

Um dos melhores e mais importantes filmes espanhóis, não só pela direção e interpretações, mas pelo cunho político e a carga emocional que se forma quando você entende as consequências daqueles dias para os espanhóis.

Imperdível !!!


Obras-Primas do Cinema lançou “CARLOS SAURA”. Cineasta, fotógrafo e escritor espanhol, seus filmes têm uma sofisticada expressão de tempo e espaço, que funde realidade com fantasia, passado com presente e memória com alucinação. Saura, junto com Luis Buñuel e Pedro Almodóvar forma a tríade dos cineastas mais renomados da Espanha! Esta edição em digistak, apresenta 5 de seus filmes, todos remasterizados, acomodados em 3 DVD’s e mais de 90 minutos de extras, incluindo um documentário que fala sobre a vida e carreira do diretor.

Disco 01:

Cría Cuervos (Cría cuervos, 1976, 1.66:1, 110 min.)
Elenco Principal: Geraldine Chaplin, Mónica Randall, Florinda Chico.

U+21F0.gif Sinopse:

Ana (Geraldine Chaplin) é uma mulher de tristes lembranças. Duas décadas antes, quando tinha nove anos, ela acreditava ter em suas mãos um misterioso poder sobre a vida e a morte de seus familiares. Assim teria causado a morte inesperada do pai, o militar franquista Anselmo (Héctor Alterio), logo após o doloroso martírio da mãe.

Peppermint Frappé (Peppermint Frappé, 1967, 1.78:1, 94 min.)
Elenco Principal: Geraldine Chaplin, José Luis López Vázquez, Alfredo Mayo.

U+21F0.gif Sinopse:

Em Peppermint Frappé, Carlos Saura contorna a censura puritana da Espanha de Franco, em um thriller psicológico em homenagem ao mestre espanhol Luís Buñuel. A história é inspirada nas obsessões e fetiches de Julián (José Luis Lopez Vasquez), homem de meia idade, médico conservador, que é auxiliado pela tímida enfermeira, Ana (Geraldine Chaplin).


Disco 02:

Ana e os Lobos (Ana y los lobos, 1973, 1.85:1, 100 min.)
Elenco Principal: Geraldine Chaplin, Fernando Fernán Gómez.

U+21F0.gif Sinopse:

Ana chega em uma mansão isolada para trabalhar como governanta em uma mansão no campo da Espanha. A família que a recebe é formada por uma mãe dominadora e seus três filhos: João, que logo começa a enviar cartas eróticas para Ana; José, obcecado por armas e segurança; e Fernando, vítima de arrebatamentos místicos.

A Prima Angélica (La prima Angélica, 1974, 1.77:1, 106 min.)
Elenco Principal: José Luis López Vázquez, Lina Canalejas. 

U+21F0.gif Sinopse:

Com o intuito de sepultar sua mãe no túmulo da família, Luis viaja ao interior da Espanha. Ao se hospedar na casa da tia, depara-se com a prima Angélica, agora casada e com uma filha. Esse encontro trará lembranças da sua infância naquele lugar durante a Guerra Civil Espanhola.

Disco 03:

Depressa, Depressa (Deprisa, deprisa, 1981, 1.85:1, 100 min.)
Elenco Principal: Berta Socuéllamos, Jose Antonio Valdelomar González.

U+21F0.gif Sinopse:

O casal Angela e Paul sai de viagem com mais dois amigos. Eles decidem, no meio do caminho, que, para trazer uma energia diferente para a viagem, eles deveriam praticar alguns delitos. Após o início com pequenos assaltos, as ações começam a ficar maiores e, em pouco tempo, se veem completamente envolvidos no mundo do crime.

U+21F0.gif Extras:
  • Documentário sobre a vida e a carreira de Carlos Saura. (62min)
  • Entrevista com Geraldine Chaplin (21 minutos)
  • Entrevista com Ana Torrent (8 minutos)
U+21F0.gif Informações Técnicas:

Título: Carlos Saura
País de Produção: Espanha
Ano de Produção: 1967-1981
Gênero: Drama.
Direção: Carlos Saura
Elenco: Geraldine Chaplin, José Luis López Vázquez, Berta Socuéllamos, Mónica Randall, Alfredo Mayo, Florinda Chico, Fernando Fernán Gómez, Lina Canalejas, Jose Antonio Valdelomar González.
Áudio: Dolby Digital 2.0
Idioma: Espanhol
Legendas: Português - Inglês.
Duração Aproximada: 510 minutos
Região: Aberto para todas as zonas (Livre)
Formato de Tela: 1.66:1 - 1.77:1 - 1.78:1 - 1.85:1
Cor: Colorido
Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 16 anos. Contém: Violência e Conflitos Psicológicos.


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