Prudential Concerts une Rock, Frejat e música clássica, no Rio

Apresentação desta quarta-feira (21) mostrou que a mistura do clássico, do rock e do romantismo de Frejat tem tudo a ver

Frejat

O projeto Prudential Concerts, que este ano tem o complemento Let’s Rock, une música clássica e orquestra com outros ritmos e artistas consagrados da nossa música. O convidado desse ano é o cantor, compositor e guitarrista Frejat, um dos ícones do rock nacional.

Roberto Frejat é uma (boa) guinada para um projeto que já teve como convidados nomes como Milton Nascimento, Gilberto Gil e Alceu Valença.

De Pink Floyd e Ramones a Handel e Vivaldi

Depois de passagens por Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte, o Let’s Rock chegou ao Rio de Janeiro para duas apresentações (21 e 22) no novo Teatro Prudential, no prédio que abrigava as empresas do Grupo Bloch de Comunicação, responsável por várias revistas, rádios e da TV Manchete.

O programa começou com a Orquestra Johann Sebastian Rio, — a orquestra muda de acordo com a cidade — regida pelo maestro Carlos Prazeres.

Nessa parte do show temos Pink Floyd, Kiss, Ramones e Beatles, entre outros, combinados com Vivaldi, Bach e Handel. A maioria dos arranjos funciona muito bem, enriquecendo as melodias já conhecidas, enquanto alguns poucos momentos são menos felizes (Under Pressure, por exemplo).

Os melhores momentos ficaram por conta das inserções de temas clássicos nos rocks. Nem sempre é possível combinar Vivaldi com bateria e baixo (e ficou muito bom!).

A boa orquestra (que também era acompanhada por um coro, que soou bem menos competente) tinha como destaque um cravo. O instrumento de cordas tão em voga no século XVIII — ele pode ser ouvido na versão original de Skyline Pigeon, de Elton John — enriqueceu demais os espaços que normalmente são destinados ao piano.

O programa, que tenta traçar um panorama do rock em suas várias encarnações, é um bom mix de canções conhecidas e artistas clássicos.

Frejat clássico

Já a segunda parte da apresentação é quando o artista convidado entra em cena e desfila seus sucessos. No caso de Frejat, a vertente romântica e a tendência para arranjos onde as cordas (principalmente) já tinham alguma proeminência parecem ter facilitado a tarefa dos arranjadores.

Mesmo quem é crítico do músico não pode negar que ele é gente boa, tem um quê de arroz de festa (no bom sentido) e é responsável por algumas das mais emblemáticas canções do rock nacional (com e sem o Barão Vermelho).

Pro Dia Nascer Feliz, Segredos, Amor Pra Recomeçar, Quando O Amor Era Medo e Maior Abandonado, estavam todas no setlist, mostrando a força de uma carreira recheada de sucessos.

Todas as canções tiveram acréscimo em relação às gravações originais. A riqueza de uma orquestra é muito difícil de reproduzir e mereciam um registro neste formato — infelizmente não há indícios de que isso possa acontecer.

Um lugar cheio de história

Ir ao edifício onde funcionou o império dos Bloch é emocionante para qualquer um que já trabalhou lá. O teatro — reformado e que agora se chama Teatro Prudential, sala Adolpho Bloch — também emociona. Projetado por Oscar Niemeyer, o espaço foi palco de algumas das últimas assembléias e reuniões de funcionários, antes da falência das empresas.

Pensar que naquele espaço foram descobertos nomes como Xuxa e Angélica, e editadas revistas como Manchete, Ele e Ela e Conecta, traz nostalgia. Dá uma certa raiva das pessoas que não souberam gerenciar um patrimônio desse peso.

Brasília e São Paulo

As apresentações cariocas seguiram o ritual dos concertos anteriores e tiveram ingressos esgotados em pouco tempo. Agora, o projeto Prudential Concerts Let’s Rock segue para Brasília e São Paulo. Quem puder deve correr e garantir o seu lugar. O show é realmente imperdível.

18/9 – Orquestra Arregimentada
Teatro da UNIP – Brasília (DF)

15/10 – Orquestra Arregimentada
Teatro Renault – São Paulo (SP)

Para mais informações sobre o projeto você pode seguir o Facebook  e o Instagram do projeto.

Cotação: **** ½

Fotos: Fernando de Oliveira
Vídeos: Jo Nunes

Uma versão deste texto foi publicada na Revista Ambrosia

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