Infiltrado na Klan e o espetáculo anti- racismo de Spike Lee

Com exibições na Mostra Internacional de São Paulo e estréia em 22 de novembro, “Infiltrado na Klan” chega como um forte candidato para temporada de premiações.

O novo filme do Spike Lee tem certamente mais do que 5 motivos para assistir. Mas para não ficar escrevendo eternamente, vou listar “apenas” 5 rs.

Sinopse:

Em 1978, Ron Stallworth, um policial negro do Colorado, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan local. Ele se comunicava com os outros membros do grupo por meio de telefonemas e cartas, mas quando precisava estar fisicamente presente enviava um outro policial branco no seu lugar. Depois de meses de investigação, Ron se tornou o líder da seita, sendo responsável por sabotar uma série de linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.

1 – Alguns tapas de Ironia

Spike Lee (“Faça a Coisa Certa”), traz à tona uma série de problemas de racismo no final dos anos 70, com vários paralelos de temas atuais. O diretor usa da ironia para mostrar algumas realidades cortantes de pensamento americano (e mundial). As piadas são certeiras, bem como não tem nada de politicamente correto. Imediatamente, Spike aproveita de seu currículo com filmes de temática racial para validar sua visão sempre embasada do tema. Como exemplo, quando o policial Ron, precisa encontrar um policial branco para representá-lo, a frase jogada no ar é “Só é preciso encontrar o Homem Branco certo para o serviço”. A frase é uma clara ironia ao pensamento histórico e velado (atualmente) de que pessoas negras são menos capazes.

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2 – Elenco entrosado

De Kylo Ren a Venom, o elenco de “Infiltrado na Klan” tem de tudo. No papel principal, um show de John David Washington. O ator ganha uma primeira grande oportunidade como protagonista e faz um trabalho espetacular. Assim como temos Adam Driver (“Star Wars: O Despertar da Força”), com um tino de comédia muito bem encaixado no filme. E os vilões vividos pelo Finlandês, Jasper Pääkkönen (série Vikings) e Topher Grace (Homem – Aranha 3), são excelentes e em dois opostos que fazem a história ficar tensa, nos momentos certos.

3 – Spike Lee voando…

Um pouco afastado dos holofotes nos últimos anos, Spike Lee retorna arrasador. Em boa forma, o diretor que já trabalhou desde biografia de Malcom X a vídeo clipe de Michael Jackson, acerta na veia com a história de Ron Stallworth. Do mesmo modo, mostra domínio do tema racial sem ser “chato”. Spike conduz o filme de uma forma fluída e bem humorada, mas sempre ácida. Além de reproduzir com design de produção os anos 70, umas das principais diferenças é que Spike Lee também homenageia o estilo de filmagem e edição dos anos 70. Assim, “Infiltrado na Klan” nos dá a impressão de estar assistindo não uma reprodução simples dos anos 70, mas um filme dos anos 70 efetivamente.

Cena de Infiltrado na Klan

4 – Uma História que Merece Filme

Muitas vezes vemos, principalmente em filmes de terror, “histórias reais” que não tem grande relevância. Mas no caso da história do Ron, só de ler a sinopse, nós queremos saber que fim levou. O filme leva essa trama ousada com a mesma incredulidade e perigo que a entendemos num primeiro momento.

5 – Discussão Importante e no Momento certo

Independentemente de opiniões políticas, a discussão sobre racismo não é brincadeira. Por mais que muitos digam que é um “mi mi mi”, que é exagerado, a verdade é que ele existe sim (e já não está tão escondido). O assunto é bastante atual,  bem como precisa ser sempre relembrado para que não se retroceda. O final do filme (não vou dar spoilers), chega como um soco no estômago, mostrando de forma direta, que muitas coisas não mudaram dos anos 70 pra cá, nem mesmo o líder da klan (David Duke).