Em novembro de 2018, seis pessoas entraram em um elevador no arranha-céu John Hancock Center, em Chicago, para descer do bar Signature Room, localizado no 95º andar, até o saguão. No entanto, essa locomoção que parecia ser simples se transformou em uma experiência aterrorizante quando um dos cabos de sustentação do elevador veio a se romper.

“No começo, eu acreditava que todos iríamos morrer”, disse um dos passageiros à emissora de TV CBS Chicago. “Estávamos caindo em queda livre, até quando finalmente ouvi um barulho”.

No entanto, nenhum dos passageiros teve que ser hospitalizado e não houve feridos graves. Então, como foi possível que uma das piores coisas que poderia acontecer às pessoas em um elevador não causasse vítimas fatais?

Os filmes de ação geralmente mostram o herói entrando em um elevador depois que o vilão corta os cabos e o desastre ocorre, mas, felizmente, os elevadores no mundo real têm vários recursos de segurança que tornam os acidentes com elevadores algo bastante incomum. Ao longo desse artigo, nós vamos explorar quais são as principais medidas de segurança existentes nesses equipamentos de transporte.

O papel dos cabos de segurança do elevador tradicional

Cabos de elevador

No sistema de segurança que compõe um elevador, cabos de aço sustentam o equipamento sobre uma roldana. Essa roldana é uma espécie de polia com uma superfície que apresenta seções de sulcos. Por sua vez, os sulcos da roldana prendem os cabos de aço. Portanto, quando um motor elétrico gira a roldana, os cabos também se movem. Os cabos que levantam o elevador também estão conectados a um contrapeso, que fica pendurado no outro lado da roldana. Dessa forma, tanto o elevador quanto o contrapeso andam sobre trilhos de aço.

Cada cabo do elevador é feito de vários comprimentos de material de aço enrolados um no outro. Esses cabos raramente apresentam problemas e os inspetores os examinam regularmente para verificar se há algum desgaste. A boa notícia é que praticamente todos os elevadores de polias têm vários cabos, mais especificamente entre quatro a oito no total. Desse modo, mesmo que um cabo se rompesse, os cabos restantes sustentariam o elevador. De fato, apenas um cabo extra é geralmente suficiente.

Mas, vamos supor que todos os cabos se rompessem. O que aconteceria nessa situação hipotética? Bem, logo após o ocorrido, as travas de segurança do elevador seriam acionadas. Essas travas englobam, na verdade, um conjunto de sistemas de freios no elevador que, em caso de emergência, se agarram aos trilhos que correm para cima e para baixo no poço do elevador.

Vale destacar que alguns sistemas de segurança prendem os trilhos, enquanto outros colocam uma espécie de cunha nos entalhes que permitem a movimentação do aparelho. Normalmente, essas travas de segurança são ativadas por um regulador de velocidade mecânico. Desse modo, quando as polias giram muito rápido (um indicativo de que algo está fora do normal), a força centrífuga ativa automaticamente o sistema de frenagem.

E quando todos os sistemas de segurança falham?

Poço de elevador

Se você estivesse dentro de um elevador com problemas e todas as medidas de segurança falhassem, você estaria despencando rapidamente, mas não estaria necessariamente em queda livre. Para entender isso, devemos nos atentar ao fato de que o atrito dos trilhos ao longo do eixo e a pressão do ar sob o elevador desacelerariam consideravelmente a sua velocidade. Curiosamente, você também se sentiria mais “leve” que o normal.

Obviamente, chegaria um momento onde o elevador finalmente acertaria o chão, mas duas coisas amorteceriam esse golpe. Primeiro, a estrutura fechada do elevador comprimiria o ar no fundo do poço na queda, assim como um pistão comprime o ar em uma bomba de bicicleta. Em outras palavras, isso significa que toda essa pressão do ar diminuiria consideravelmente a velocidade de impacto do elevador.

Além disso, a maioria dos elevadores que funciona através de um sistema de cabos também conta com um amortecedor embutido na parte inferior do eixo, normalmente um pistão em um cilindro cheio de óleo. Em caso de um acidente, isso também amorteceria o impacto. Ou seja, com todos esses recursos, você teria uma boa chance de sobreviver a qualquer acidente de elevador, embora ainda estivesse sujeito a ferimentos e estresse pós-traumático.

Uma palavra final

Vista interna de um elevador

No caso do incidente do elevador de Chicago, citado no início desse artigo, uma vez que os bombeiros descobriram onde estavam os passageiros em relação a todo o comprimento do poço, eles prontamente se esforçaram para garantir que o elevador não caísse ainda mais. Para isso, eles tiveram que quebrar uma parede, forçar a porta do elevador a abrir e colocar uma escada no elevador para ajudar as pessoas sair do local.

“Não gostamos de atravessar paredes a menos que seja absolutamente necessário”, disse o porta-voz do Departamento de Bombeiros de Chicago, Larry Langford, ao portal Chicago Tribune. “A única outra maneira de chegar ao elevador seria pelas cordas do 97º andar, mas isso não seria seguro. Nós não trabalhamos como o Batman, então precisamos atravessar a parede de qualquer forma”.

Com tudo isso em mente, podemos concluir que os elevadores são muito mais seguros do que as pessoas geralmente imaginam. Contanto que você não tente abrir as portas e simplesmente espere por ajuda em caso de emergência, você terá uma alta probabilidade de ficar bem. Com todos os mecanismos de segurança criados especialmente para esse tipo de situação, evitar tragédias passou a ser algo muito mais prático do que anteriormente.

E você, já passou por algum perrengue em um elevador? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!